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sábado, 11 de fevereiro de 2012


 
 Solitary Traveler - Nicholas Roerich (tela de)

Acabei de chegar de um lugar que evito frequentar, mas que a essa hora era a única alternativa para arriscar o jogo da mega sena.
Ao entrar em casa, ainda sob efeito da muvuca dos lugares muito frequentados, respirei fundo e abençoei a paz doméstica. Adoro chegar em casa. Nunca me sinto desconfortável dentro do silêncio. Mas queria falar sobre outra coisa, uma impressão que me chegou depois desse contraste entre a balbúrdia e o silêncio.

Sem pretensão de ser dona da verdade, acredito que temos apenas as experiências que precisamos. Ou nos servem como aprendizado, ou para  que possamos transmitir algo. Talvez façam parte do nosso processo evolutivo e interagir com as pessoas é condição necessária ao processo. Para quem já dobrou o Cabo da Boa Esperança e aprendeu a não esperar por esse ou aquele acontecimento, perceber que os relacionamentos escasseiam leva-me a algumas reflexões. Será que estou usufruindo de "férias cósmicas", dado que já me foi oferecida uma dose relativamente alta de desafios junto "ao outro" e agora estou em descanso, ou é esse  o desafio maior: procurar dentro de mim mesma a mais abençoada de todas as experiências: conhecer a verdadeira natureza da alma que me habita.
Lembro-me que desde muito criança, gostava de refletir sobre tudo. Precisava de um certo recolhimento para isso, o que mais tarde gerou problemas em família. Meu avô, o único que me compreendia, chamava-me de "anacoreta", e tive que consultar o dicionário para saber o significado de palavra tão estranha.

Com o tempo vamos nos conhecendo melhor e sabendo a que altura podemos voar. Quais as características de vôo que podemos encarar sem gerar grandes estragos. Não tenho o menor pudor em mostrar minha cara, como ela está agora: não faço concessões apenas para "não ficar chato". Preciso ter todo o meu ser presente na atividade que esteja praticando no momento, e aí sim, posso compartilhar seja o que for. Mas não venham me enfiar goela abaixo coisas que já não me fascinam, apenas para preencherem seu tempo com amenidades. Estou fora disso. Meu tempo está cada vez mais escasso e mais precioso!



4 comentários:

Isabel Gonçalves disse...

Estimada Sónia, adorei o seu texto. Também costumo ter por companheiro o Silêncio e é nele que, às vezes perdida e confusa, me encontro e me compreendo!

sonia disse...

E a ironia de tudo isso é que sou uma pessoa extremamente comunicativa quando encontro condições favoráveis (quando estou na mesma frequência que meu interlocutor). Mas isso é raro e além do mais não sinto vontade de sair em busca dessa condição. Acho que no fundo eu aprendi a conviver bem comigo, a consultar minha alma, e mais além, confiar no meu espírito para um direcionamento sem enganos. Tudo que tentei fazer pelos caminhos da mente provaram ser um redondo engano!
Um abraço Isabel, grata pela visita!

Anônimo disse...

Olá Sónia, gostei muito deste texto bonito.

abraço.

sonia disse...

Obrigada pela visita, Zé Alberto.
Que desfrute de um ótimo final de semana nessa terra linda!
Abraço.