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sábado, 1 de fevereiro de 2014

A UMA HEROÍNA DESCONHECIDA



April Sunrise on Ilesboro Road

Tenho vergonha de me sentir desanimada por estar dependente de muletas, sem sair de casa, por  2 meses inteiros, fora os 20 dias em que, sem saber que havia fraturado o colo do fêmur, andava mancando com muita dor.

Nessas circunstâncias vejo que ainda sou privilegiada, mesmo considerando a situação precária em que me encontro, sem poder sair de casa, dependendo do filho mais novo que mora na mesma cidade, para me trazer compras do supermercado, remédios, etc. As coisas que costumava fazer (e fazia muitas...) ficaram todas para o futuro, quando espero voltar a  fazê-las.

Na sala de espera de um laboratório de exames médicos, onde fui fazer uma cintilografia óssea, tive uma experiência que veio sob encomenda para mim. Vi uma moça de uns 35 anos, muito gorda, alta, cabelos bem compridos presos num coque, vestida com um macacão de seda florida "tomara que caia", acompanhada de um tio, conversando normalmente sobre a doença dela. Ela tem Mal de Hodgkin e câncer linfático, que já havia produzido massas de tumor  nos pulmões , axilas, pescoço, etc. Ia fazer a primeira sessão de radioterapia, sabia que ia perder todo o cabelo (a enfermeira já havia orientado), e conversava alegremente pedindo opinião a nós, na sala (eu, meus dois filhos e o tio dela) se devia fazer uma peruca com seus longos cabelos. Isso teria que ser feito rapidamente, pois, após a radioterapia, o cabelo ia como que "fritar". Então seria bom cortá-lo bem curto e aproveitar seu próprio cabelo.

O que me impressionou foi o estado de espírito alegre, sempre alto astral dessa mulher que está com doença gravíssima e de prognóstico nada favorável.

Fiquei com vergonha de às vezes me sentir pra baixo só por estar impedida de ter minha vida independente, fazendo tudo o que fazia, sem muitas restrições, apesar de pela própria idade, minha saúde já me força viver com um certo controle (sou diabética e isso me obriga a uma vida bem controlada).

Quero dar os parabéns à minha heroína desconhecida a quem desejo o milagre da cura. Já vi milagres acontecerem (inclusive comigo) e peço com muita força que o Criador possa atuar a favor dessa mulher corajosa que irradia luz para todos os que a circundam!

Um comentário:

Um Jeito Manso disse...

Olá Sónia,

Belo exemplo que aqui nos trouxe, ensinando a relativizar o nosso mal. É preciso coragem para enfrentar as nossas limitações mas, claro, há algumas bem mais desanimadoras que outras.

Mas então foi fractura que teve? Pensava que era um mau jeito, alguma entorse, coisa difícil mas menos má que fractura.

Desejo que passe logo, sei bem o que isso é. Há um ano e tal fui operada aos joelhos e custou-me muito ficar limitada.

Desejo as suas melhoras e que arranje maneira de 'aproveitar' essas férias forçadas.

Beijinhos!