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segunda-feira, 30 de junho de 2014

o que um texto me revelou!




Vermeer - The girl with a pearl earring





Estou digitando um texto para alguém a quem estimo e a quem ofereci esse serviço. Foi por pura intuição que estou fazendo isso, até porque preferia não entrar em contato mais estreito com essa pessoa, que no passado me fez sofrer mais do que eu poderia suportar. Mas hoje consigo separar as coisas e no fundo eu quero bem a esse ser humano que tem qualidades e defeitos como todos nós. 

Estou descobrindo coisas a meu respeito que nem desconfiava que fossem por esse meio reveladas. Como somos diferentes!!! Eu sei que passamos por sofrimento semelhante há muitos e muitos anos mas cada uma das pessoas tomou um rumo totalmente diverso. 

Confesso que essa pessoa não se deixou abater e soltou as amarras de uma forma que até invejo. Eu já fui pelo caminho do auto-sacrifício, do medo de resvalar para o prazer fácil, do sentimento de obrigação em não ofender meus familiares.

Agora, depois dos sessenta, começo a vislumbrar que em respeito aos outros não vivi a vida como poderia. Não desfrutei de nenhum momento de prazer quando isso pudesse significar prejuízo á minha família, mesmo de leve. Meu senso de obrigação e de não tirar proveito de pai e mãe em benefício próprio fez com que desde jovem eu tomasse para mim toda a responsabilidade de me sustentar e não dar trabalho aos meus pais. Sempre que podia, ajudava-os, embora tenha recebido muita patada de meu pai e uma ausência afetiva marcante dos dois, pai e mãe.

O resultado disso é que essa pessoa a quem digito seu texto tem uma vida de artista, leve e solta, está bonita mesmo com quase a minha idade e até hoje obedece aos impulsos de fazer o que quer, na hora em que decidir.

Eu, sempre pensando nos outros primeiro, só faço o que gosto se não significar prejuízo a quem estiver no meu rol de parentes, amigos e conhecidos.

Não é o caso de eu perguntar se ganhei algo com esse meu comportamento auto-repressor, um pouco parecido aos orientais, que às vezes deixam de viver como gostariam, em respeito aos pais, a quem dão importância primordial em suas vidas. 

Não é o caso de me arrepender de ter vivido desta forma, até porque não conseguiria ser "amor e rock&roll" como essa pessoa a quem me refiro. Cada um sabe de si e procura uma orientação dentro de seu coração que no meu caso, sempre me protegeu. Porque eu cresci medrosa e com sentimento de pouca valia. Só agora tenho plena consciência disso.  Eu tenho potencialidade para ter sido o que decidisse ser, mas faltou aquela coragem que sobrou a essa pessoa. 

Agradeço à proteção espiritual que me acompanha. Quero deixar aqui registradas essas palavras, caso alguém tenha passado por situação semelhante. Posso não confiar nos homens em geral, mas confio em Deus, nos meus filhos e na minha cachorrinha. E isso me basta. Não poderia ter sido de outra forma. Eu iria destruir, com minha insegurança, medo e baixa auto-estima, a vida de todos os homens que se aproximaram de mim. Alguns até me amaram, mas fui incapaz de arriscar com qualquer um deles.
Não tenho mais subsídios emocionais para tolerar gritos, violência, agressões e todo esse tipo de coisa e sei que em um relacionamento isso sempre acontece uma vez ou outra.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Agonia e morte de um pardalzinho

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Há tempos pensei que nunca em toda a vida encontrei um passarinho morto nas calçadas, ruas ou caminhos por onde ando. Não sei o que acontece  com eles quando morrem. Acho que existe um anjinho que os carrega em suas mãos e os leva para o paraíso dos passarinhos.

Acabei de chegar de um passeio pela praça, com minha cachorrinha e assisti a uma cena que me tocou muito. Um filhote de pardal agonizando. Estava caído na grama, um dos olhos era uma bolha de sangue, e ele não tinha forças para voar. Mas arriscou pequenos vôos. Eu fui buscar uma caixa na lanchonete do outro lado da praça e pensei em levar o bichinho para dar um trato, alpiste e água, pois talvez se recuperasse. Mas aí aconteceu uma daquelas coisas que nos faz pensar: "o homem põe e Deus dispõe". O passarinho resolve voar e dá uma trombada justamente no tronco maior que havia na praça. Caiu e começou a agonizar. Só soube que ainda estava vivo pois sua única patinha (a outra estava quebrada) mexia um pouco. Fiquei muito emocionada e rezei pela alminha dele. De repente ele se virou (estava deitado de costas) e ficou apoiado nas perninhas. Quis morrer com dignidade. Deixei-o na caixinha pedindo que ele fosse para o paraíso dos passarinhos.