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terça-feira, 17 de maio de 2016

o quebra-cabeças de uma pessoa de idade avançada...

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Por que preciso escrever isto? Por que as coisas ficam mais complicadas quando ficamos mais velhos? Claro que muitos irão responder que nossas funções começam a sofrer alterações, caem para um grau inferior e já não podemos acreditar que somos capazes de trocar a tampa de um WC sem drama. Ter que desaparafusar dois pinos que já estavam grudados nas porcas, oxidados e quase impossíveis de serem removidos me fez sentir que quase perdi as impressões digitais do polegar e indicador direitos, de tanta força que fiz com os dedos. Com muito WD40 e um alicate menor emprestado do porteiro do prédio, consegui depois de meia hora, a façanha. Só que meu desespero não terminou aí. A nova tampa era mais complicada de montar do que minha inteligência poderia admitir. Veio com uma peça de plástico preta, comprida, que mais parecia um bumerangue, que não servia para nada como descobri mais tarde. Só não joguei pela janela porque achei que poderia voltar e me acertar a cabeça. Confesso que tive que levar tampa e assento de volta na loja onde comprei e vi que era tudo uma questão de força. Por isso é que para certas coisas só um homem resolve. Eu tenho saudade do tempo em que sem pestanejar pegava na furadeira e providenciava para que os quadros que eu gostava ficassem nos melhores lugares da casa. Hoje não arrisco. Talvez conseguisse, mas prefiro pagar alguém para fazê-lo. Ou deixar as paredes vazias, estilo "clean", que não enjoa nunca...


quinta-feira, 12 de maio de 2016

O BONDE DA VIDA

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A vida corre tão depressa que quando venho ao computador já me esqueci do que queria escrever. De repente, uma necessidade já não é tão importante e até mesmo vai para o território dos sonhos, onde ficam guardadas as lembranças fugazes. Deve haver um lugar onde se escondem todas as lembranças que a memória já não é capaz de conter. Afora alguns insights, tudo o que me escapa não volta mais. Tenho material estocado em algum arquivo inacessível e isso me causa certa ansiedade. Gostaria de recuperar esses arquivos que sinto perdidos para sempre. 

Agora mesmo, enquanto escrevo, alguns fiapos de momentos vividos há mais de 40 anos voltam com força suficiente para que eu tenha a certeza de que estavam guardados numa gavetinha que por algum motivo foi aberta e rapidamente fechada. E então minha cachorrinha começa a chorar como criança, tentando me convencer a dar atenção exclusiva a ela. 

Viver esses dias com uma sensação de que não há tempo para planejar nada, viver sentindo que só devo me atrever a fazer aquilo que vai trazer um pouco mais de conforto aos meus dias, facilitando uma ou outra coisa aqui e ali no lugar onde moro, para que não pague muito caro com grande esforço físico e ao mesmo tempo tenha um ambiente onde me agrade ficar mais tempo, já que a tendência é aprender a gostar do que está mais perto...eis minha principal ocupação. 

Dizem que a velhice é a melhor idade. Quem falou isso estava fora de si. Melhor idade não existe. Na velhice o que podemos é relativizar tudo e assim encontrarmos motivo para não desistir. quando temos saudade da juventude. Verdade é que essa saudade não inclui os dias de sofrimento por coisas que hoje tiramos de letra. Não inclui as angústias que sofremos por falta de habilidade em lidar com nossos sentimentos, fazendo com que funcionem a nosso favor. Queremos absorver tudo, temos pavor de perder o bonde da vida...

Mais tarde vemos que esse bonde continua passando por nós, só que cada vez mais vazio. No final, somos passageiros solitários que temos que aprender a fazer dessa viagem solitária algo interessante. Já não podemos depender de conversas para passar o tempo. O tempo vai ficando cada vez mais precioso, como um vinho raro que tem que ser saboreado em pequenos goles!